O universo musical brasileiro mal saiu dos embalos da Bossa Nova e lá veio a Tropicália (ou Tropicalismo), um movimento cultural contestador e vanguardista que surgiu na década de 60 para revolucionar nossa música e cultura.
Apesar de naquela época o país estar mergulhado em plena ditadura militar, a geração dos Centros Populares de Cultura, da Arena e dos movimentos estudantis continuava a pleno vapor, exercendo de uma energia criativa que parecia inesgotável.
Foi neste ambiente que nasceu a Tropicália. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o Tropicalismo usa as ideias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. A relação do Tropicalismo com a Contracultura está nos valores utilizados pelos integrantes do movimento, que eram diferentes dos aceitos pela cultura dominante, com referências consideradas cafonas, ultrapassadas e subdesenvolvidas. Os tropicalistas pretendiam subverter as convenções, transgredir as regras vigentes, tanto nos aspectos sócio-políticos, quanto nas dimensões da cultura e do comportamento.
O manifesto do movimento foi o disco Tropicália ou Panis et circencis(1968), uma mistura do refinamento da Bossa Nova com influências dos Beatles. As guitarras elétricas, inseridas no cenário musical brasileiro pelos tropicalistas, causaram polêmica em uma classe média universitária nacionalista, contrária às influências estrangeiras nas artes.
O Tropicalismo também se manifestou em outras áreas, como na esculturaTropicália (1965), do artista plástico Hélio Oiticica, e na encenação da peçaO Rei da Vela (1967), do diretor José Celso Martinez Corrêa (1937).
A irreverência tropicalista revolucionou o comportamento e os critérios de gosto vigentes, tanto em relação à cultura quanto à moral e à conduta, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.
O movimento durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo Governo Militar após a decretação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em dezembro de 1968, quando ocorreu a prisão de Gil e Caetano. A cultura do país, porém, já estava marcada para sempre.
Fonte:http://jornalsociologico.blogspot.com.br
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